Amigo Mala,
Você já ouviu falar do Exército de Terracota? Trata-se de um dos maiores sítios arqueológicos do mundo, e uma das melhores atrações da China, mas precisamente de Xi’an, que é a capital da moderna Shaanxi, e foi a capital do país por mais de 4 mil anos, servindo a 11 dinastias. A cidade chegou ao ápice durante a Dinastia Tang, em razão da sua posição estratégica (extremidade oriental) na rota da seda, e depois entrou em declínio.
A cidade possui várias atrações turísticas interessantes, mas nenhuma delas se compara ao inesquecível e curioso Exército de Terracota. No ano de 1974, agricultores da região, durante a escavação de um poço, descobriram a existência de figuras modeladas em argila amarela, no tamanho natural do homem.
Descobriu-se, após algumas pesquisas, que essas esculturas eram parte de um complexo mausoléu. Constitui, na verdade, um exército construído para guardar o túmulo de Qin Shi Huangdi, soberano déspota que unificou a China há mais de 2200 anos.
O delírio de grandeza do Imperador o impulsionou a construir o seu mausoléu logo após assumir o trono, no ano 246 AC, com apenas 13 anos de idade.
O Exército de Terracota está a aproximadamente 1.500 metros a leste do mausoléu do autoritário imperador. Dito mausoléu permanece intocável, porém já é sabido que ele está encravado no interior de uma pirâmide parcialmente enterrada, que possui uma altura equivalente a 75 metros.
Em simetria com os historiadores, o complexo demorou cerca de 36 anos para ficar pronto, e contou com o trabalho de mais de 700 mil homens, que teriam sido assassinados a mando do Imperador, para impedir a localização de seu império e de seu túmulo. A execução ficou a cargo de fiéis soldados do imperador.
A localização das ossadas desses trabalhadores é conhecida, mas ainda não foram manipuladas. Segundo relatam os guias locais, os guerreiros foram construídos porque o Imperador Qin Shi Huangdi acreditava que ao morrer renasceria em um outro mundo e que, para manter seu poder, precisava de um exército forte.
Quando ficaram prontos, os guerreiros foram colocados em posição de defesa, e posteriormente cobertos por terra. Com a morte do Imperador Qin, em 210 a.C, os Hans chegaram ao poder e descobriram a localização dos guerreiros. Por não terem encontrado tesouros, incendiaram o local, contudo, apenas uma parte dos guerreiros foi danificada.
Após a descoberta dos agricultores, iniciaram-se as escavações, que resultaram em quatro trincheiras, com cerca de 8000 mil esculturas, entre soldados, arqueiros, cocheiros, oficiais, cavalos e carruagens. O interessante é que cada um deles tem uma fisionomia diferente do outro. O corpo é o mesmo, mas a face é individualizada! Outro ponto curioso é a diversidade de penteados das figuras humanas.
Trincheira 1: possui 11 corredores com 10 divisórias pavimentadas com tijolos, que separam os guerreiros em grupos. A posição dos guerreiros seguia uma ordem de patente e posto. Nela está a infantaria com mais de 6000 guerreiros (dos quais foram desenterrados e recuperados cerca de 1000), cavalaria e cocheiros.
Trincheira 2: está localizada a 20 metros ao norte da n°1 e tem o formato de um “L”. Apesar de menor, é considerada a mais espetacular. Segundo os arqueólogos, as suas formações de combate são mais complexas, e as unidades de forças armadas são mais completas, se comparadas com as da trincheira 1. De acordo com cálculos preliminares, há mais de 80 carros de guerra, cerca de 1.300 guerreiros (dentre eles arqueiros), cavalos de terracota e milhares de armas de bronze.
Trincheira 3: quase não foi escavada, foi encontrado o centro de comando ou sede para todos os grupos nos outros dois poços. Ela foi descoberta em junho de 1976 e está a 25 metros ao sul da trincheira n°1 e a 120 metros a leste da de n° 2. Somente 68 figuras, uma carruagem e 34 armas de guerra foram desenterradas desse sítio.
Embora seja menor do que as trincheiras 1 e 2, os arqueólogos gastaram todo o ano de 1977 terminando a escavação deste poço. Os guerreiros de terracota desenterrados neste poço são mais esplêndidos do que os encontrados nos outros dois. Essa trincheira não foi atingida pelo mencionado incêndio ocasionado pelos Hans.
Trincheira 4: Foi encontrada vazia. Outro tesouro do Exército de Terracota são as carruagens de bronze que foram desenterradas e remontadas. Possuem metade do tamanho natural. Uma delas possui mais de 3.600 peças.
Durante as escavações, os arqueólogos encontraram também uma grande variedade de armas, incluindo espadas de bronze, lanças, bestas, flechas e wugou. Wugou é um tipo de espada produzida no estado de Wu por ordem do Rei Helu. A borda do wugou é afiada e curvada, o que a destinge das demais armas.
As esculturas eram coloridas, mas segundo foi-nos informado no local, as escavações estão suspensas porque atualmente não existe tecnologia que permita escavar sem danificar a cor. Quando as esculturas entram em contato com o oxigênio perdem a cor. A preservação tem sido umas das grandes preocupações das autoridades locais.
Hoje uma parte do exército ainda está soterrada. Porém, a China, em parceria com a Alemanha, já está desenvolvendo fixadores, que possam ser colocados no subsolo para garantir a conservação das cores, mesmo após a escavação. O trabalho de restauração ainda está a todo vapor!
Desde 1987 os Guerreiros de Terracota são considerados Patrimônio Mundial Cultural da UNESCO, e apontados como a “oitava maravilha do mundo”.
Para chegar ao Museu dos Guerreiros de Terracota (Museum of Qin Terracotta Warrios and Horses), você pode pegar qualquer uma das linhas 914, 915 ou 5 (306), que partem da estação de trem de Xi’ann (Xi’an Railway Station).
O ônibus deixará você em um estacionamento (onde há uma grande estátua de Qin). O custo é de U$S 1 por pessoa. Você também poderá utilizar um táxi (em torno de 200 CNY – aproximadamente U$S 30) ou contratar uma das empresas que oferecem o passeio (exemplo Travel China Guide) que custa cerca de 70 CNY (aproximadamente U$S 10), com duração média de 07 horas.
A estrutura do complexo é ótima, possui várias lojas, restaurantes e lanchonetes! Várias opções, ficamos muito impressionados. Em Xi’an visitamos também o Pagode do Ganso Selvagem, a Muralha da Cidade, Bell Tower, Druw Tower, a Grande Mesquita e o bairro Muçulmano.
Pagode do Ganso Selvagem:
Pagodes são construções típicas da arquitetura budista chinesa. Com origem na Índia, são considerados uma evolução das “stupas”. São edifícios de vários andares dedicados a orações e peregrinações religiosas. O Pagode do Grande Ganso (Dayan Ta) está localizado no centro de Xi’an e na parte central do Templo Ci’en. Foi construído durante a Dinastia Tang, em 648 d.C., em memória da Imperatriz Wende, mãe do Imperador Gaozong.
O pagode do Ganso Selvagem possui 64 metros de altura, distribuídos em 7 andares, e foi construído para guardar os “sutras”, escritos indianos que contavam as histórias do budismo e que ajudaram na difusão dessa religião na China. Esses “sutras” foram levados para a China pelo monge Xuanzang, que idealizou a construção do pagode e passou o resto da vida traduzindo os documentos.
O grande complexo do templo também pode ser visitado e possui inúmeras imagens de Buda, com características diferentes, em ambientes decorados.
Bell Tower:
A Torre do Sino de Xi’an, construída em 1384, no início da Dinastia Ming, foi transferida para este local em 1582! É um grande símbolo da cidade de Xi’an, já que esta localizada no cruzamento das principais avenidas e uma das maiores torres deste tipo na China . Ela contém sinos de bronze que datam da dinastia Tang .
A torre tem uma base quadrada que abrange uma área de aproximadamente 1.377 m². É feita de tijolo e madeira e possui quase 40 metros de altura. Assim como o sino das igrejas, a função é marcar o tempo e noticiar acontecimentos.
Druw Tower:
A Torre do Tambor de Xi’an, juntamente com a Torre do Sino, é um símbolo da cidade. Erguida em 1380, durante o início da Dinastia Ming, possui esse nome por causa do enorme tambor enorme localizado dentro do edifício. No primeiro andar da Torre Drum, fica uma sala com vários tambores, mas infelizmente não entramos nessa torre por falta de tempo!
Grande Mesquita:
A Mesquita Dongda, foi erguida durante a dinastia Tang, e está lozalizada no coração do Bairro Muçulmano, em um grande pátio com vários e lindos jardins. É uma das maiores mesquitas do país.
Bairro Muçulmano:
Xi’an possui atualmente cerca de 60 mil muçulmanos, número que se justifica pelo passado cosmopolita da cidade, que como já registrado, era ponto importante da Rota da Seda, reunindo por isso comerciantes de todo o mundo conhecido.
Shaanxi Sunshine Lido Grand Theather:
Fomos ainda a um show folclórico com jantar. O espetáculo é bonito, mas o jantar não nos agradou.
Como chegar em Xi’an:
Saímos de Pequim em um dos vários voos diários da Air China para Xia’n.
Onde ficar em Xi’an:
Ficamos no hotel Sheraton Xian North City, e aprovamos. Oferece café da manhã ocidental, e conforto nos quartos. Não se trata de um hotel espetacular, mas atendeu nossas expectativas.
Como se virar na China:
Não se iluda, a comunicação em inglês é difícil na China. Se você gosta de história e não quer perder nenhum detalhe, faça como o vainamala, e contrate os serviços de guias especializados, como os oferecidos pela CITS, com departamento em espanhol. Nosso contato foi com Cláudia (claudia_bai_bai@hotmail.com, claudial_citsbj@sina.com), que foi nossa guia em Pequim. Ela morou 7 anos no Brasil.
E aí, vanamala para Xi’an?
Faça suas reservas no booking.com através do nosso site, você não paga nada mais por isso.